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Outro dia li a notícia num site que Ian Gibson, desenhista de “A Balada de Halo Jones�? e “Judge Dredd�?, culpava os games pela baixa vendagem dos quadrinhos nesses últimos anos. De acordo com ele, a partir do momento que os games começaram a tratar de assuntos mais sérios, como a violência (?) eles tiraram dos quadrinhos um dos seus principais e mais vendáveis temas. E ele afirmou, no final de sua entrevista, que a vantagem do quadrinho é que ele tem a necessidade de contar uma história, e que um game nunca irá contar uma história.
Absurdo. É uma das maiores besteiras que eu ouvi nas últimas semanas sobre games, perdendo apenas do repórter americano que afirmou que o Pictochat era um instrumento maligno para pedófilos (sério). O que me deixa mais estarrecido ainda é que ele está tratando os games mais ou menos como sempre trataram as HQs.
Quadrinhos, apesar dos últimos anos essa imagem estar mudando, sempre foram tratados como uma “sub-arte�?, algo inferior, que apenas crianças ou desajustados sociais lêem. Games, apesar dos últimos anos essa imagem estar mudando, sempre foram tratados como algo inferior, que apenas crianças ou desajustados sociais jogam. Muito parecidos? Pois é, são coisas de nerds. Não é “normal�?, não é mesmo? Afinal, assim como todo mundo que joga GTA se torna um assassino de prostitutas, todos os que leram Batman na era de Ouro se tornaram gays (estou falando do Robin, pra quem não entendeu). Além disso, games e quadrinhos causaram, juntos, todos os males da raça humana, como a bomba atômica e o Ebola.
Deixando o sarcasmo de lado, é ridículo o preconceito existente contra essas duas formas de arte. E são arte sim, já que o conceito de arte anda cada vez mais amplo. Mas o que me incomoda mais foi justamente o preconceito de um quadrinhista renomado contra os games. E feito de forma infundada. Acho que ele nunca jogou um game até o fim, ou ele só fica no Paciência. Mas a questão é que games são uma forma de contar histórias tão poderosa quanto os quadrinhos ou livros. Isso porque eles têm o diferencial de serem altamente interativos.
Games são uma das formas mais interativas de se contar uma história. A única outra forma de interação tão poderosa que eu me lembro agora são os RPGs. Nós não apenas assistimos ou lemos uma história, nós vivemos ela. Decidimos como ela acontece, como que o personagem principal vai atingir seu objetivo. Nesse sentido, Ian Gibson está certo, pois games não nos contam uma história, eles nos fazem VIVER ela. O que é bem legal, diga-se de passagem.
Não vou fazer afirmações sobre qual meio é melhor: cada um possui seus méritos e seus defeitos. Se, por um lado, os quadrinhos possuem menos interatividade, os games ainda não conseguiram atingir um nível de complexidade ou de crítica que certas histórias tanto de quadrinhos quanto de livros possuem (nota: não joguei todos os jogos do mundo, nem li todos os quadrinhos nem todos os livros do mundo, mas é a sensação geral que eu tenho. Existem games com histórias ótimas, mas nenhuma mexeu comigo como certos livros, quadrinhos e filmes já conseguiram). Na verdade, é um certo desperdício de tempo comparar os dois, é que nem discutir literatura versus cinema, não se chega a lugar algum.
O ponto disso tudo o que eu disse até agora é o seguinte: cada meio de entretenimento e cada forma de arte possui seus méritos, e todos deviam ser apreciados por todos. Talvez eu esteja sendo político demais, uma coisa meio “em cima do muro�?, mas é que sendo um cara formado em cinema que trabalha com quadrinhos e escreve uma coluna sobre games, eu já vi como as pessoas podem ser obtusas quando não entendem algo “novo�?. São os tais “cabeças-dura�? que eu falei na outra coluna.
Para finalizar, games são sim uma arte e são sim uma grande forma de contar (ou melhor, de viver) uma história. Quem joga sabe disso. O que temos que superar é o preconceito de quem nunca jogou.
Texto publicado originalmente por Vitor Takayanagi neste link
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Apesar do cenário estar mudando, ainda existe muito preconceito contra os games e os gamers. Aqui no Brasil mesmo os games são tratados por alguns como brinquedo, coisa de criança, nerdice, etc. Nos quadrinhos também acontece quase o mesmo. Esse preconceito na maioria das vezes surgem de pessoas mais velhas, que nunca se propuseram a jogar nenhum game na vida. Prova disso é que no ano passado, alguns deputados criaram leis para proibir o acesso de menores às lan houses, ou até mesmo proibir a comercialização do game GTA: San Andreas aqui no Brasil.
Há assuntos muito mais sérios a serem tratados e que realmente geram violência, como tráfico de drogas, terrorismo, vandalismo, entre outras coisas. Os games são uma forma de entretenimento, e não uma arma capaz de causar desordem na humanidade, conforme alguns pensam.
⇐ “Miguxo” ou “Miguxa”, será que você ainda tem salvação?
Mini-patch do Campeonato Carioca 2007 p/ o Pesbrasil 2.0 ⇒
Noticia publicada em 2 de março de 2007, na(s) categoria(s) Musica, Tecnologia e Games por thiaguimrp, que tem 15 posts neste blog.
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Assim como as HQs passaram a ter temas adultos na década de 90 com Batman (Dark Knight, Asilo Arkham, etc), Ronin, Elektra assassina, Watchmen, … puxando mais pra literatura e artes gráficas do que passatempo de guri, os Games de Playstation 2 passaram a ser coisa de adulto tambem quando foi lançado, por ser bem mais elaborado e pegar uma geração de gamers já trabalhando e se sustentando.
Nem sei quem é esse escritor ai, sei que eu parei de comprar quadrinhos a um bom tempo porque praticamente todos os desenhistas/escritores de HQs que eu comprava sem nem pestanejar “aposentaram” por um tempo: Frank Miller, Bill Sienkiewicz, Alan Moore e Dave mcKean… Elektra assassina pode ser vista aqui http://www.wordsandpictures.org/Elektra/elektra_gallery_1.html – pra quem se interessa em design é um espetáculo as telas do Senkiewicz, o cara é um mago das HQs.
realmente os games foram indiretamente responsáveis pela queda de vendas, mas discordo na parte dos games nao terem história; o jogo ‘mafia’ por exemplo ´tem uma otima historia, assim como muitos outros. seria bom se os dois convivessem em harmonia ehehe
off: Senkiewicz manda mto bem, telas ali show! Oo
as HQs da Elektra sao fodas, mas no filme cagaram legal :S