Games e o marketing (de chuteiras a armas)

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Em uma rapida consulta pelos editores e os jogadores mais fanáticos do Pro Evolution Soccer – aqueles que não cogitam mudar pro concorrente, FIFA – é muito fácil perceber que o fator “marketing de produto” (chuteiras, kits e bolas) é muito importante. Explicando: o realismo das texturas e modelos 3D desses itens e a facilidade de escolher/visualizar (até editar, no caso do PC) cada um deles no Pro Evolution sempre foi anos-luz maior do que no FIFA.

 

Percebendo isso, com o tempo a Konami conseguiu parceria com as principais empresas de produtos do futebol – basicamente Nike, Adidas, Umbro e Puma – para incluir novas chuteiras e bolas destas marcas nas suas DLCs (pacote de dados) das ultimas versões do jogo, PES 2013 e 2012.

 

O beneficio desta inclusão de modelos reais de chuteiras, bolas e uniformes para as empresas de material esportivo é enorme, já que maioria de crianças e adolescentes que jogam videogames assistem futebol e têm a chance de se pôr no lugar de seus ídolos, criando uma memória do produto. Um exemplo rapido: as chuteiras do Neymar no PES-2013 que o filho pequeno joga pode inspirar um pai, que sempre joga futebol de campo com amigos, a comprar uma daquele modelo – para tentar impressionar o seu filho, na arquibancada. E esse momento da vida do moleque fica relacionado a um produto que já era conhecido na TV, mas foi reforçado pela versão virtual no videogame.

 

Mais um soldado no “front virtual”. Ou, quem sabe, um cliente em potencial

 

Fora da preferência da franquia de game de futebol, quem compra um console/PC para jogos hoje em dia e pretende jogar online em multijogador não ignora o sucesso das franquias de tiro em 1ª pessoa, como Call of Dutty e Battlefield.

 

Na ultima semana, em entrevista ao jornalista Simon Parkin (Eurogamer.net) um projetista de armas norte-americano bastante conhecido disse ter trabalhado para empresas de games varias vezes.

Eurogamer: Como os videogames alimentam fabricantes de armas

 

Ao longo do artigo percebemos que as Armas de guerra da maioria dos jogos, assim como os carros extravagantes do Need For Speed/Forza/Gran Turismo ou os acessórios do PES/FIFA, são licenciados com os fabricantes de armamentos. Sendo os Estados Unidos um ótimo lugar para se vender armas, pela falta de restrição de venda e as guerras intervencionistas mundo afora muitas vezes definindo eleições/reeleições não é de se espantar o interesse de fabricantes de armas nessa divulgação entre gamers adolescentes/adultos.

 

Seu publico-alvo é maduro o bastante para lidar com a vontade de comprar ou não uma arma. Não vejo mal nisso e estou longe de ser um “peacemaker” a favor de banir armas da face da terra, na inocência de uma agência anti-nuclear da ONU.

 

Só que, em paralelo, o que vale para a Nike e Adidas no PES em termos de construção de uma biblioteca de “objetos de desejo” da criança, tambem vale para essas franquias de tiro.

 

Num mundo ideal crianças menores de 12 anos não se divertiriam com um game onde se reverencia o headshot.

 

Mas, sabendo como crianças são precoces hoje em dia e a propaganda de consumo para elas, cruel, para simular o mundo dos adultos, ninguem se alarma quando isso acontece – como aconteceria em outros tempos.

 

Links externos:

  • Business Insider: Existem mais lojas de armas (51.438) do que docerias (36.536) nos Estados Unidos
  • Machinima: O exibicionismo de um fã de Modern Warfare 2
  • Evo-web: Tópico de texturas de chuteiras de Chacal111

 

 

 

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